sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

INDO ALÉM DO COMBATE AO CRIME

O Professor do IFAM (Instituto Federal do Amazonas) e ex-dirigente da UJS, Luciano Rezende, publicou um artigo no Portal Vermelho, onde faz algumas análises sobre o combate ao crime organizado no Rio. Concordo com a idéia central do texto (link abaixo) e a seguir exponho algumas outras opiniões.

http://www.vermelho.org.br/coluna.php?id_coluna_texto=3667&id_coluna=26

Concordo a afirmação do Luciano de que só políticas sociais não bastam para vencer a guerra contra o tráfico. Concordo também que existem uma série de elementos que dão sustentação ao tráfico, mais ligados a setores institucionais e estes precisam ter suas pernas quebradas com ações de inteligência, dentro da própria polícia e também de fora dela.

Porém, acho que alguns outros elementos devem compor esse debate. Uma reportagem do globo de quarta, dia 01/12, traz dados que ajudam a entender aquela realidade do Alemão e de grande parte das favelas do Rio. Além de um dos menores IDHs da Cidade, aquele complexo de favelas tem um dos maiores índices de gravidez na adolescência, morte de jovens p/ 100 mil habitantes bem acima da média da Cidade, índices de reprovação e evasão escolar acima da média entre outros. Aquela região conta com 6 escolas municipais (ensino fundamental) contra 2 estaduais (médio).

Depois das ocupações fiquei pensando se, por exemplo, um jovem daquela realidade que conclui o ensino médio e conquista uma vaga numa Universidade com bolsa do prouni (devem ter muitos casos desses no Alemão). Será que esse "cara" está propenso a ser braço do tráfico? Digo isso porque os debates se misturam, e devem se misturar mesmo. Mas vou tentar separá-los: Uma coisa é a estrutura de combate ao crime organizado (tráfico e milícia), que se faz com UPP, mas deve ter os elementos que o Luciano cita de inteligência e etc. Outra coisa é impedir a cooptação da juventude das favelas para a estrutura do crime! Se existem menos vagas de ensino médio do que ensino fundamental é óbvio que vai ter evasão! Um jovem sem o nível médio tem pouca expectativa de mercado, logo é alvo fácil das quadrilhas! Acho que medidas urgentes devem ser tomadas, como pensar numa política de elevação das taxas de conclusão do ensino médio, possivelmente com um tipo de projovem. Mais do que nunca a Cidade do Rio, assim como a região metropolitana, precisam de medidas urgentes que apresentem ao jovem boas perspectivas. Acho que é hora de retomarmos com força, o debate sobre a implementação de um PAC para a juventude.